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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Funeral de José Niza


Quero informar todos os amigos e admiradores de José Niza de que o seu corpo estará em câmara ardente nos Paços do Concelho de Santarem a partir das 19 horas de hoje. Sairá daqui amanhã, pelas 10 horas, para o cemitério local onde serão realizadas as exéquias religiosas. Convido-vos a vir até nós neste momento tão doloroso para o País e para Santarém para prestarmos a nossa homenagem a este princípe da música e da cidadania.

Última carta a José Niza

Meu Caro Zé:

Sei que a minha carta anterior ainda chegou a tempo mas que já não houve tempo para mais nada. Partiste hoje, em paz com mundo que amaste, com os poetas que viveste, com os músicos que tocaste, com os teus poemas e músicas, connosco, afinal, no coração. Hoje, agora, Depois do teu Adeus, deixo-te outra vez um abraço, pois sei que a Morte não existe. Um abraço de lágrimas, é certo, que é com mágoa profunda que sei da tua partida, quando tanta falta fazias a este país e a Santarém. A tua partida é o mais rude golpe que a crise provocou na cidade do teu coração.E sei que conforme sabe da trágica notícia, a tua cidade chora por ti. Mas alegra-te, homem, que é um choro de aplauso, de gratidão, de reconhecimento, de admiração, de afecto por um dos seus melhores filhos. E não te perturbem estas palavras molhadas com que te digo Adeus até Depois do Adeus. São escritas por lágrimas ditadas pela coração. Adeus, meu querido amigo. Até depois Adeus.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Carta a José Niza

Meu Caro Zé:

Nós sabemos quanto nos estimamos para pôr de lado os cumprimentos iniciais. Amizade feita de amor ás causas da cultura e da cidadania. Feitos do mesmo barro. Ambos metemos as mãos na música, nos poemas, na escrita sabendo que com essas ferramentas inventamos um bocado de vida e damos dimensão solidária á existência colectiva. Somos operários da mesma massa, não fazemos de conta que somos. Por outro lado,sou mais novo do que tu e talvez, mesmo depois de tantas conversas sobre cantigas e prosas, ainda não te tenha dito como foste importante para mim, para que eu pudesse deixar as marcas pela vida vivida. Nunca te disse a importância que tiveste na minha obra literária, um dos mitos, um talento que associas a um humor inteligente, coisa rara, apanágio dos grandes homens. Há anos, quando celebrávamos o 25 de Abril, erguendo a tua obra musical como pano de fundo das comemorações em Santarém, fi-lo por mereceres essa homenagem mas nem imaginas (não quis que transparecesse) o prazer interior em colocar-te, colocar uma das minhas referências culturais, no altar ético da Liberdade.
E hoje, exactamente hoje, num dia de desilusão sobre o carácter egocêntrico de boçais disfarçados de homens cultos, neste dia que rompe com o equinócio de Outono, sabendo pela tua filha notícias do teu viver, precisava de te dizer quanto gosto de ti, que soubesses por palavras escritas pelo coração como estou aflito com a tua saúde, como incapaz de outro medicamento te imploro que te ponhas bom e uso o único remédio que tenho á mão, rezando a S. Francisco pelas tuas melhoras. Precisamos tanto de ti, Zé. Esta cidade precisa tanto de ti e da tua inteligência arguta, do teu talento e bondade, que não sei pedir outra coisa que não seja: volta depressa. Esperamos por ti com saudades.

Um abraço fraterno do teu amigo

Francisco Moita Flores

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Passos Coelho na RTP - Boa Prestação!


Passos Coelho deu uma boa entrevista ao assinalar o centésimo dia de governo. Boa, no sentido da seriedade e da verdade.Má no sentido das previsões. Desnudou a crueldade da situação financeira do país. Explicou cortes e impostos. Foi claro e sem subterfúgios. Má porque, pela primeira vez, faz o reconhecimento público da nossa dependência externa e da sorte dependente de outros países. Particularmente da Grécia. Ou por outras palavras, todos os sacrifícios que estamos a fazer não terão valido de grande coisa se a Grécia entrar em bancarrota, situação para a qual se aproxima velozmente. A ser assim, tal como suspeitava há muito, não conheço o lugar onde mora a esperança.

domingo, 18 de setembro de 2011

Justiça Cega - RTP Informação



A partir desta 2ª feira, todas as 2ªs feiras, ás 22.30, estarei com os meus amigos Rui Rangel e Marinho Pinto a debater assuntos de Justiça, com moderação de Alberta Marques Fernandes. O programa chama-se Justiça Cega, terá a duração de hora e meia, e vão ser conversas rijas e sem preconceitos sobre os problemas da Justiça. Quem nos quiser acompanhar, está convidado a assistir na RTPN que hoje finda e que a partir de amanhã passa a chamar-se RTPInformação.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Centro Escolar Salgueiro Maia

Entrou ontem em funcionamento mais um novo Centro Escolar em Santarém. Depois daquele que foi construído em Alcanede, um ano depois, abriu este para as nossas crianças de Santarem (Salvador) . É lindissimo. Mais de dois milhões de euros de investimento. Valeu a pena. Os putos estão todos contentes.Para o ano abrirá o terceiro.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Á Memória de Santinho Cunha

Cemitério de Macedo de Cavaleiros. Mumificados.Faz hoje anos que em Paris, com o meu querido amigo e mestre prof. Santinho Cunha, apresentámos o nosso estudo sobre mumificados resultante da investigação realizada sobre centenas de cadáveres. Um contributo, que hoje se sabe, foi decisivo para as novas técnicas de sepultamento, poupando-se milhões de euros, e um momento alto das nossas carreiras  académicas.
Só Deus sabe como foi duro, extenuante e difícil. Como doeu no corpo e na alma. Santinho Cunha já cá não está para apreciar as consequências do nosso trabalho. Descansa bem longe, ou talvez muito perto, por tanto caminho que andámos, sofremos e vivemos tão apaixonadamente.Não há dinheiro que pagasse este esforço. Foi a paixão pela descoberta e o prazer de descobrir o melhor prémio. Hoje, recordo-o com uma saudade irreversível. E tenho-o como exemplo e referência, neste tempo de miséria moral, para prosseguir o caminho que me falta percorrer até ao nosso encontro definitivo para continuarmos a nossa conversa tão brutalmente interrompida sobre as coisas do sagrado e do Profano. Até um dia, meu amigo. Até um dia!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Abismo está aí


Começo a perceber sinais de alarme que julgava, há bem pouco tempo, não passar por eles.Mas a verdade é que nnão vale a pena iludir por mais tempo a fé. Sou um homem de fé. Em Deus e nos homens. Na nossa capacidade para transformar o sofrimento em energia, de revolver montanhas perante grandes adversidades. A nossa História tem sido isso. Vencer a cada dia os Velhos do Restelo. Matá-los com a energia de quem sabe que o trabalho, a determinação, a paixão têm o poder de um exército. Sei que seríamos capaz de suportar todos os cintos apertados que o Governo nos está a impôr. Somos o povo que aprendeu a arrancar as ervas do chão e transformá-las em manjares que matam a fome. As couves e as beldroegas, os coentros e os espargos foram armas durante muitas guerras contra a fome e as crises.
Porém, estamos cercados. O exército de especuladores financeiros perdeu o sentido moral, desmascarou-se na luxúria da predação e, agora, perante a nossa perplexidade, a Grécia, a pátria da democracia e do pensamento cultural, está ás portas da morte. Juros de dívida acima dos 100% é o fim de qualquer família, de qualquer comunidade, de qualquer Estado. Os bancos estão em pré-falência e a queda da Grécia é a falência de todos nós.E a Europa, a tal Europa do euro passou a chamar-se Alemanha. Nunca pensei escutar com tanta atenção a chanceler alemã.As suas palavras e acções são hoje mais importantes do que qualquer outro presidente ou primeiro ministro.E não deixo de admitir como ironia histórica que a senhora Merkel está a cobrar a factura pelas derrotas sofridas durantes as guerras que humilharam a Alemanha no séc. XX.Os seus aliados de hoje (inimigos de ontem) estão á sua mercê e do povo alemão. Arruinados já não podemos comprar produtos alemães. Não compramos, não interessamos. Talvez seja um pensamento demasiado redutor. Talvez a tragédia grega que se adivinha iminente ainda possa ter uma solução e não nos arraste para a miséria completa. Mas não existe uma única notícia que nos dê essa esperança.Pelo contrário. Os sinais apontam para o colapso. É certo que não morreremos enquanto Povo e Pátria. Que teremos de recomeçar tudo outra vez. Mais uma vez. Contudo, não consigo afastar esta amargura ao perceber que vamos entregar aos nossos filhos, um sacrifício por herança. Estou preso de uma perplexidade angustiante.Confesso que não sei como vamos sair daqui.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A EPC é do Povo de Santarém


Tenho para mim que quem trabalha apenas por dinheiro, por mais dinheiro que acumule, não passará de uma pobre criatura. E estou convencido, em profissão de fé, que o trabalho é construtor de vidas e serão mais ricas quanto maior paixão se investir naquilo que se faz.A paixão molda estéticamente o investimento no trabalho, pode provocar insónia e angústia, mas torna-o redentor.É esta convicção profunda que nos permite, por instantes, embora com muitos instantes iguais ao longo da vida, tocar a felicidade. Ensinei esta sacralidade da paixão pelo trabalho aos meus filhos e sei que dela retiram prazer nas suas fainas. E eu continuo assim, indiferente ao ruído que mitifica o dinheiro, a riqueza, o poder efémero de ter e de não ser. Cheguei agora a casa depois de vir do jantar de despedida de um velho amigo. O Lico reformou-se hoje. Dezenas de homens e mulheres que trabalharam, ou trabalham, nas Brigadas de Homicídios da PJ foram lá dar-lhe um abraço. Falámos dos nossos casos. Dos crimes desvendados. Das noites á fio, sem dormir e sem parar, apaixonados pelo trabalho (por cada noite de trabalho ganhávamos duzentos escudos - um euro!) e não dávamos tréguas até conseguirmos repôr a justiça possível. Passaram vinte anos desde esse tempo que esta noite rememorámos, e comemorámos, repetindo um ritual de vida que só a paixão explica.
Hoje mesmo, no dia em que o Lico se reformou, a Escola Prática de Cavalaria, símbolo maior da democracia portuguesa, símbolo da liberdade e da tolerância, símbolo da diferença e da igualdade, passou definitivamente para a posse da Câmara Municipal de Santarém, ou seja, para as mãos do povo de Santarém.Foram quatro anos de trabalho. De insónia. De discussão. Muitas vezes de confronto. Tantas vezes de paixão envolvida nos argumentos e nas certezas e nas dúvidas. A verdade é que não existe prazer sem sofrimento. Mas também não existe coisa alguma, a não ser o nada, para quem teme o sofrimento e apenas vive a ânsia do prazer. A primeira vez que discuti a aquisição da EPC falaram-me de um projecto imobiliário. A riqueza, o dinheiro, antes da paixão. Fui muito duro. Não se pode trocar um pedaço de memória, ainda por cima da nossa memória mais rica e sonhadora, por meia dúzia de prédios de três assoalhadas. Não se pode trocar o símbolo maior do afecto por um baú cheio de patos-bravos. Não se pode deixar morrer, entre umas dúzias de tijolos, um bocado farto da herança cultural, civilizacional que os heróis da EPC entregaram a Santarém e ao País. Foi duro romper esse cerco inicial. Mas rompeu-se. Á força de teimosia, por força da paixão pelo trabalho contra as ambições de quem vive para o dinheiro e dele respira a pobre vida medíocre. Foram quase quatro anos de combate. De insónias, de angústias, de tantos silêncios, mas com a covicção profunda que a EPC só poderia ser o exemplo de uma terra de liberdade.Ou seja, propriedade de uma utopia maior que qualquer sonho. E ergueu-se passo a passo. Hoje deu um passo de gigante. Pertence difinitivamente ao Povo de Santarém. Em Janeiro estará construída a Cidade Judiciária. Em Janeiro arrancará a Fundação da Liberdade. Pedra a pedra. Com sacrifício, com sofrimento, com pouco dinheiro, mas com a paixão nos olhos e na alma. Hoje sinto-me feliz. Por momentos, é certo. Como naquele outro tempo, em que por duzentos escudos, lavrávamos os dias e as noites de Lisboa á cata de criminosos.
Sei que o Lico se reforma e não sai rico de algibeira farta. Mas sai da PJ com uma fortuna no lugar do coração. Infelizmente são muito poucos aqueles que gozam este prazer de uma vida tão intensamente vivida e, por isso, tão rica. Hoje mesmo, Santarém apropriou-se desse pedaço de chão que dá sentido á alma liberta do País, na sua pureza mais inocente. O chão da nossa memória que o trabalho abençoou.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Investimento, Cavalos e Futuro em Santarém


Passámos de um tempo em que se desprezava a despesa e o então Governo anunciava investimentos, atrás de investimentos, para o novo tempo que  a moda é falar no corte da despesa, sendo a palavra investimento quase crime, banida, escorraçada do lugar comum da política. E a verdade é que sem corte nas despesas o País entra em falência e se não investirmos o mesmo País não gera riqueza para criar emprego e pagar dívidas. É a procura deste ponto de equilíbrio que nos fará dobrar o Cabo das Tormentas deste verão tão cheio de inverno, do futuro tão cinzento que precisa de pelo menos um raio de sol.
Há cerca de um ano que trabalhamos, em Santarém, com este propósito no olhar, negociando com parceiros brasileiros investimentos e produção de riqueza que a depauperada economia portuguesa e escalabitana não consegue. Depois de várias visitas de criadores de cavalos e de equipas de técnicos de 'haras' (unidades de produção e criação de cavalos) que fizeram o estudo da região, depois das negociações com o Jockey Clube de São Paulo (uma das unidades equestres mais prestigiadas do mundo) a Câmara de Santarém assinou com esta agremiação um protocolo de cooperação que cria, em Santarém, uma sucursal do Jockey Clube. É um passo extraordinário para o futuro dos campos e da indústria cavalar na região, criando mais emprego, gerando maior produção e riqueza. O Brasil é, hoje, uma das maiores potenciais mundiais neste domínio e interessa-lhes o mercado europeu. Santarém é históricamente uma região associada ao cavalo (somos o distrito como mais cavalos a nível nacional) e precisa deste incentivo para reanimar uma economia rurural há muito tempo deprimida. Valeu a pena o esforço e a intensidade do trabalho desenvolvido pelos nossos técnicos com os técnicos brasileiros. Mas não podia deixar de sublinhar o entusiasmo do Governador Dr. Luis Fleury, a sua paixão por Portugal, e o seu empenho para que o trabalho desenvolvido pelas duas partes culminasse na assinatura deste documento de trabalho para o futuro. Também queria agradecer o interesse do senhor Consul Geral de Portugal em S.Paulo cuja disponibilidade e empenho foi um precioso alento.E um abraço especial a todos aqueles que, aqui e no Brasil, estão a esforçar-se para que esta caminhada seja um sucesso. São investimentos que ultrapassam os duzentos milhões de euros e que vão gerar perto de mil postos de trabalho nos campos e nas unidades de investigação e treino. E uma alavanca de extraordinária importância para que Santarém aprofunde a sua modernização e competitividade. É um orgulho servir com gente assim. Viva Santarém!