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domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Cidade Judiciária de Santarém

Esta segunda feira, dia 28 de Feveriro, vai á sessão da Câmara Municipal de Santarém, o protocolo a assinar entre a autarquia e o Ministério da Justiça que formaliza e inicia o arranque da futura Cidade Judiciária, nos terrenos da EPC - Escola Prática do Conhecimento. O arranque de quatro tribunais, dois dos quais são de competência nacional, e cuja actividade vai fortalecer o prestígio de Santarém e reforçar o desenvolvimento sustentado do concelho, da região e do país.E com eles, e junto deles, nascer uma nova centralidade administrativa que acolherá mais de mil postos de trabalho.
Depois do árduo trabalho da negociação, começa o alegre trabalho da construção. Eu sei, aprendi, que podemos construir os sonhos. Dar-lhes forma, corpo e alma. E de facto, dificil é passarmos do sonho à realidade. Obriga à persistência, á resistência, a desistir de não desistir, à negociação, à renegociação, a palavras delicadas, a palavras rijas, a dias de exaustão por nos sentirmos vencidos, a dias de esperança por percebermos que a porta outra vez está entreaberta para passarmos do sonho à realidade. Pouco importam esses dias. Pouco importam esse cansaço, o sofrimento clandestino, os silêncios imperativos, quando o combate não se conforma com derrotas. E chegámos aqui. Gratos ao Governo por ter reconhecido o papel estratégico de Santarém, gratos a todos aqueles que fomos encontrando, concordando, discordando, negociando, discutindo e gratos, mas tão gratos áquela meia dúzia de funcionários da nossa autarquia que quando foi necessário, não dormiu, não comeu, fez e refez, sempre entusiasmados, sabendo, porque confiaram na minha crença, que o sonho comanda a vida. Amanhã é mais um dia grande na vida e história de Santarém.  Sobretudo para o futuro de Santarém. Para o seu crescimento e riqueza.Para o seu engrandecimento e majestade. E sei, porque o coração e a cabeça me dizem que devo saber, que neste tempo tão difícil e tão ruim, só grandes cidades conseguem resistir à força das crises que nos invadem. Assim: resistindo. E trabalhando. E servindo com a alegria do desprendimento. Santarém eterna, ergue-se do chão dos seus mortos e dos seus heróis que lhe deram sentido, para os honrar. E dia 28 dará mais um passo para que a História a proclame livre, firme, desafiadora, vaidosa e bela a namoraro futuro. Viva Santarém!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um Cravo de Liberdade para S. Francisco

Reconheço que não estou na actividade política como é muitas vezes necessário estar e como se representa a actividade de um político 'profissional'. Possuo alguns defeitos graves que jamais me poderiam projectar para uma carreira como aquela que sonham e desejam tantas pessoas que conheço. A paixão que invisto nos projectos em que acredito, a necessidade de entregar afecto aos projectos que servem comunidades, e no caso a comunidade de Santarém, retiram-me a capacidade fria que a lógica impõe, o jogo calculado entre o perder e ganhar qualquer desafio. Confesso que é um defeito que a PJ me deu. Quando se acredita que o serviço público que se presta é tão importante para a comunidade que vale o preço da nossa própria vida, não existe cálculismo, nem meio termo, nem, muito menos receio. E durante muitos anos, a equipa onde orgulhosamente trabalhei, desafiou a morte tantas vezes, sobreviveu no limite da vida tantas vezes, que a partir daí trabalhar empenhadamente, até à exaustão, num projecto público é qualquer coisa que vale todos os riscos. Outro dos defeitos é esta costela romântica que me conduz a apaixonar-me pelas pessoas que sirvo. Não consigo olhá-las como eleitores, nem como munícipes. São pessoas. Apenas pessoas que se afligem, que sonham, que vivem muitos problemas, que vivem e, por vezes, sobrevivem com tanta aflição que em vez da reacção políticamente correcta, me comovem e me fazem esconder as lágrimas. Um bom político não se apaixona. Racionaliza até ao limite o problema e procura com a frieza da lei a solução e se não há siolução passa á frente. Este defeito grave devo-o as dois acontecimentos decisivos na minha vida. O 25 de Abril que me apanhou com 21 anos e me garantiu que, como diz Gedeão, o sonho comanda a vida, e ainda hoje acredito piamente nessa lição e outro foi S. Francisco. Porque creio apaixonadamente que a felicidade resulta do cumprimento dos sonhos que comandam a vida, com a consciência de que é um dever 'levar a alegria onde houver tristeza, levar a luz onde existem trevas, levar a esperança onde impera o desespero, interessar-me mais em amar do que ser amado'. É mau, muito mau num tempo em que a política é exclusivamente gestão. Provoca sofrimento, amargura, teimosia, rabujice, muita motivação, calar quando apetecia gritar, mas fazer.
Ontem á noite, dia 25 de Fevereiro, a Assembleia Municipal de Santarém teve a grandeza da política para aprovar por unanimidade o avanço do projecto da Fundação da Liberdade e da cidade judiciária que vai alavancar o futuro de Santarém e a transformá-la num dos centros mais importantes do país. Um acto sublime que termina com o pesadelo de poder ver aquele espaço simbólico transformado num enorme bloco de betão e arranha-céus que a boa política tão bem aprecia. Sei que foi uma decisão maior do que nós, que mereceu todos os riscos vividos e toda a paixão que este combate, que se arrastou por mais de dois anos, mereceu para entregar esperança, riqueza, felicidade aos futuros homens e mulheres de Santarem e do país. Não resisti às lágrimas, coisa de fracos, á comoção humilde perante tão grandioso gesto daquela Assembleia. E hoje, que acordei na ressaca de tão grande emoção, reconheço que a política não é o meu forte, mas que, talvez por isso, estou a viver um dos dias mais felizes da minha vida. O sonho comandou a vida e o meu Irmão Francisco tem razão, porque mais vale 'compreender, do que ser compreendido, Amar, que ser amado, Pois é dando, que se recebe, e é morrendo que se vive para a vida eterna'. E, hoje, recordando o tempo em que tantas vezes tive de enfrentar a morte, agora que o tempo do risco terminou, pouco importa que ela chegue a qualquer hora, espero-a com serenidade dos que, sendo maus políticos, sabem o valor do amor, porque sei que a partir de ontem Santarém 'viverá para a vida eterna'. Viva a minha doce e linda Santarém!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Santarém Eterna




A identificação de uma cidade realiza-se através de sinais materias e psico-afectivos que remetem de imediato para a memória uma representação imagética que nos diz que é a cidade tal e não a outra ou qualquer outra. No fundo, todas elas são compostas das mesmas matérias: praças, ruas, escolas, hospitais e por aí adiante.São somatórios de equipamentos e instituintes de controlo social, funcionalizados ao serviço de uma comunidade. Porém, enquanto corpos vivos com percursos existenciais e históricos próprios, produziram símbolos que  marcam a diferença identitária, que legitimam e reforçam as sociabilidades das redes sociais que nelas habitam, tornando espaço de pertença, território de viver, de amar, de morrer. Símbolos patrimoniais, ou tão só do foro afectivo, que se lêem como se fosse possível desfolhar uma cidade tal e qual um livro, página a página, com coerência narrativa, contando-nos uma história feita de memórias, de saudades, de esparança, de mágoas, de vitórias, de sofrimento, de alegria, de confiança no futuro.
Visitei Nova Iorque pouco tempo depois dos atentados da Al-Qaedda.Para além da terrível tragédia que pesava no ambiente de Manhattan chocada com tantos mortos, a romaria,as preces, a desolação em torno do local onde estavam as Torres Gémeas, revelava com forte evidência como os novaiorquinos viviam a orfandade pela morte de um dos símbolos mais poderosos da sua cidade. Ninguém imagina Paris sem a Torre Eiffel, ninguém prevê Roma sem o Coliseu, ou Londres sem Westminster, ou Lisboa sem a Baixa Pombalina ou sem o castelo de S. Jorge. O discurso dos símbolos é a essência do próprio reconhecimento da vida e, neste caso, da vida das cidades com aqueles que nelas habitam ou visitam.
Esta semana Santarém deu passos gigantescos na consolidação e afirmação de importantes símbolos, ícones que representam dimensões diferentes da vida da pólis mas que se cruzam, e coincidem na sua identificação. A ex-Escola Prática de Cavalaria, testemunho decisivo da força da cidade, símbolo maior do país, porta de armas aberta aos ventos da Liberdade, depois de anos de negociações, foi aprovada e aceite unanimente pela autarquia como símbolo sagrado a defender, ícone que foi o primeiro farol democrático aceso para a conquista das liberdades. 
No mesmo dia, à tarde, a senhora Ministra da Cultura visitava Santarém e assinávamos com as autoridades eclesiais um protocolo de cooperação que investe 2,5 milhões de euros de fundos estruturais na requalificação do património monumental de Santarém. O maior investimento alguma vez realizado neste domínio e, por esta via, o reforço da identificação de Santarém pela consolidação seus valores simbólicos mais definitivos. Alguém consegue imaginar Santarém sem a Escola Prática? Alguém consegue imaginá-la sem a sua Sé? Ou sem a igreja da Alcáçova? Ou sem Stª Clara? Vivi um dos dias mais felizes da minha vida. Como autarca e como cidadão. Como pai, como avô, como vizinho, como português. Desculpem a exuberância. mas existem dias na nossa vida que são muito maiores do que a própria vida que imaginámos.Viva Santarém!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Santarém e a Liberdade


São poucos aqueles que sabem como doeu esta caminhada. Dor de angústia, dor física, dor de espera, de vigilias de insónia, de reuniões e mais reuniões sem publicidade, de negociações infinitas, de discórdia e concórdia. Poucos sabem a aflição dos dias de tensão, das noite de trabalho intenso para chegarmos onde acabámos de chegar. A ex-Escola Prática de Cavalaria vai ser devolvida ao povo de Santarém e à memória de Portugal. Esta segunda feira vai ser aprovado o documento final que permite o desenvolvimento dos projectos para ali já rubricados quer pela autarquia quer pelo governo. A cidade judiciária e a EPC - Escola Prática do Conhecimento - , embrião da futura Fundação da Liberdade vão dar o primeiro grande passo, âncora de desenvolvimento decisiva para Santarém, para a região e para o país. Foram três anos de trabalho intenso, três anos de fé, feitos de dezenas, talvez centenas de telefonemas, de discussões apaixonadas, de compromissos assumido com honradez pelo Governo e pela autarquia.
Sei, porque vivi já tempo suficiente e trabalhei muito mais do que precisava, para saber que esta foi a grande obra da minha vida. E dos meus companheiros de jornada. Sei que é o contributo maior que vamos deixar a Santarém. A porta de entrada para o futuro. Sem a ameaça do betão, com a esperança de que é um mundo que se abre voltado para a Justiça e para a Liberdade. Daqui por um ano, ano e meio, milhares de crianças estarão a aprender a sua memória de liberdade, vinda de todos os cantos do país. Daqui por menos tempo, a cidade judiciária vai estar a funcionar polarizando riqueza, emprego, e mais vida para esta capital que se agiganta e desconhece quem a quer aviltar ou amesquinhar. Esta cidade feita de feitos de guerra e de combate vai ganhar nova luz, uma nova idade, e instrumentos poderosos para enfrentar o destino.
Estou feliz. Há três dias que sinto um vazio no peito. A angústia desapareceu e deu lugar à paz. Sei que vou fazer parte do grupo de homens e mulheres que souberam honrar os seus netos e, sei que daqui por dez ou vinte anos, quando olharem Santarém vão ter orgulho no avô. É a maior dádiva desta conquista. E gratidão para tantos parceiros desta maratona. Gratidão ao engº Mário Lino, ao prof. Augusto Mateus, aos meus queridos amigos Pedro Abreu e Guilherme Drey, ao Dr. Almeida Ribeiro, ao Dr. José Magalhães, ao meu querido amigo João Labescat, ao Dr. Francisco Cal, ao primeiro-ministro José Sócrates e a tantos outros que têm trabalhado em projectos de produção e de planeamento desta obra grandiosa. Um abraço ao Dr. Gandarez que se bateu pela ideia, assim como ao Miguel Relvas, ao Presidente Durão Barroso que nos incitou a continuar quando tudo parecia ruir. E aos meus colaboradores da Câmara Municipal de Santarém que souberam lutar, partilhar, sofrer e amar o futuro que construíamos no silêncio dos gabinetes daqui e dos ministérios por onde andámos.
Embora sabendo que ainda há muito caminho para andar, estou feliz por Santarém. Por esta mátria tão amada por muitos e desprezada por poucos. Valeu a pena chegar aqui. Nunca imaginei que pudéssemos chegar aqui,apesar da fé. E agora vamos chegar mais longe. Ao infinito. À pátria onde a Liberdade é um corcel à solta pelas margens de todos mares e rios. Vou dormir em Paz. Obrigado, meu Irmão Francisco, por me ajudares a entregar esperança aos nossos irmãos homens. VIVA SANTARÉM!!!


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Adeus, Princípe!


És capaz de partir magoado connosco. Cansado, pois os campeões não suportam habitar num universo de vencidos. É da natureza dos vencedores. São implacáveis com a incompetência, com o conformismo, com a desculpa fácil. Os campeões precisam de sentir o sabor das vitórias, a adrelanina que surge nos grandes feitos desportivos, de morder a raiva de fome por golos e mais golos. Como sempre foste! Esfomeado de golos, a baliza sempre nos olhos, a procura da nesga ou do buraco impossível por onde a bola passava, mesmo que fosse de um ângulo agudo, quase fechado. Estavas sempre lá e deste-nos centenas de alegrias. Somando golos e vitórias, foram centenas. Mas não conseguite ser campeão, coisa que te vai no sangue e na alma, e podes crer que corre no sangue e na alma deste Leão, que encontraste adormecido, cansado, maltratado.
Porém, viveste demasiado tempo entre nós, conheces os recantos de Alvalade e sabes que não fomos sempre assim. Aquelas paredes respiram glória, mitos, heróis, campeões aplaudidos pelo mundo inteiro, homens e mulheres de fibra que prestigiaram a nossa casa e Portugal. Vais partir mas ficas. Ficas nessa galeria de memórias ao lado dos melhores, daqueles que como tu, tinham uma fome interminável de vitórias.
Deixas muitas saudades. Sem ti, ficamos ainda mais pobres. Mas percebemos. Queres mais quando nós, ou quem nos governa, quer tão pouco. E ficarás para sempre na galeria maior dos nossos heróis.
Que a vida te sorria, Campeão! Até um dia.