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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Cavaco Silva e a Responsabilidade

Foto: 10 de Junho, 2008. Visita à Sé de Santarém

Os adversários de Cavaco Silva, nesta campanha eleitoral, são unânimes numa crítica. Começou com Manuel Alegre e os restantes tomaram-lhe o passo: Cavaco Silva, enquanto Presidente da República é co-responsável pela crise nacional. Sê-lo-á, na medida em que nenhum português se pode furtar a essa responsabilidade.Responsabilidade que não inclui a outra bem mais profunda, de âmbito europeu, diria mesmo mundial, que vai fazendo estremecer os pilares dos euro e das economias europeias. Porém, foi dos poucos, talvez o único, quando a economia parecia ganhar fôlego, que nunca deixou de alertar para as dificuldades do país, para o facto de produzirmos menos do que  aquilo que consumimos. Nesse tempo, quando nos discursos públicos, nas visitas oficiais, nas declarações aos jornalistas falava sobre a matéria, era o profeta da desgraça, o pessimista, o Presidente que queria de alguma forma embaciar a acção governativa. A História deu-lhe razão. De vitória em vitória, entrámos na derrota final. E o Presidente da República, cuja magistratura de influência, não passa pela apropriação do poder executivo, veio a terreiro sempre que disso houve necessidade. Aliás, nessas alturas, enquanto Cavaco exprimia solidraiedade ao governo e dava sinais públicos de prudencia e contenção, as principais candidaturas, putativamente de esquerda, apelavam à greve geral, aplaudiam todos os boicotes, todos os protestos que, embora populistas e agradáveis de escutar, não tinham em conta a grave situação do País. A fome de votos colocou-os no terreno da irresponsabilidade política ou da política do quanto pior melhor.E no caso de Manuel Alegre e Defensor Moura a situação é ainda mais caricata. Gritam que Cavaco é co-responsável pela crise. Mas nunca citam o outro responsável ou os outros responsáveis.É demagogia pura, destilada. Não. Cavaco é co-responsável mas estes candidatos não conhecem a responsabilidade da co-autoria da crise. E como não são ignorantes, como ambos possuem um vasto conhecimento da vida política, fossem corajosos, da coragem das palavras ditas a tempo e das acções feitas a horas, diriam até ao fim o nome dos outros responsáveis. Não dizem. E assim, poderiam colocar os galões de todas as bravuras e feitos em combate. Mas não dizem. E eu também não digo. Apenas por uma simples razão: é que o tempo que vivemos, independentemente desta conjuntura eleitoral, é um tempo de combate pelo país, pela regeneração, pela sensatez, pela prudência para que o abismo por onde nos despenhamos não seja tão negro quanto se supõe e possamos redimirmos de erros, corrigir desvios, recuperar prestígio internacional, lutar por Portugal enquanto nossa terra e chão que vamos deixar de legado aos nossos filhos. Cavaco garante essa dimensão de responsabilidade e de ética política. De confiança e sem aventureirismos. Sem folcore, sem ressabiamentos, mas com rigor. Rigor! Coisa que é a antítese do populismo barato.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os Bácoros do Regime

Estamos a assistir à decapitação do País. E os nossos principais coveiros são aqueles que durante décadas ocuparam cargos com responsabilidades no Estado, fizeram mil promessas de sentido de responsabilidade, se serviram do Tesouro do Estado para os seus cargos, profissões, reformas e interesses pessoais e agora, armados da sua erudição burlesca, revelam a maior irresponsabilidade, a maior sem vergonhice, alinhando em todas as campanhas de descrédito contra o País. Um verdadeiro nojo!
Conheço os mecanismos psicológicos que agitam os sentimentos de insegurança no que respeita ao crime e à criminalidade.Sabemos que a repetição dos discursos apocalípticos sobre a segurança aumentam os níveis de medo ao ponto dos mesmos se tornarem irreais e, bem se sabe, os danos que provocam na tranquilidade pública.
Está a passar-se o mesmo na doentia discussão sobre finanças e economia que, hora após hora, passam nas televisões, radios e jornais. Os putativos sábios que surgem de todos os escombros da economia e finanças, que eles ajudaram a destruir, a debitar sentenças de morte, de bancarrota, de miséria, de ausência de esperança. Uma autêntica vara de bácoros a refocilar na porcaria. E, hoje, duvido de tanta seriedade que nos aponta o Apocalipse. Sabendo da pressão dos especuladores, verdadeiros bandidos escondidos nessa coisa difusa que são os mercados, a vaga de discursos trágicos a que assistimos levam-me a pensar que ali há negócio. São, directa ou indirectamente, estes putativos sábios, os melhores aliados dos especuladores, traindo o seu País, a sua Pátria, a terra que lhe garantiu vida farta, sem apresentarem uma única solução que seja que diga a quem paga, que diga a quem sofre, que diga a quem está desempregado: Aqui há um caminho de esperança.
Vejo e oiço estes catedráticos,ex-ministros, especialistas, meliantes de farta vida e não posso deixar de me indignar com esta visão destrutiva do País. Querem convencer-nos que não temos futuro. Que os nossos filhos não têm futuro. Como é possível? Depois de séculos de resistencia e afirmação de identidade, depois de parir uma Língua, depois de mil guerras e hecatombes, dizem-nos estes tipos que não temos futuro.
Já nem sabemos o que dizem os Partidos. Já nem sabemos o que cada um propõe. Os sábios dissolveram-lhes a voz. E o negócio deve ser grande a alto. Não é possível alguém que ama a sua terra, discutir uma tragédia - e a situação do País é trágica - sem procurar soluções. Propôr soluções. Enfatizar caminhos de solução e parar de choramingar, como velhas tontas, sobre a tragédia. Ao ouvi-los percebo a mediocridade na sua inteireza mais pura. Tratam dos mortos. Nenhum deles sabe cuidar dos vivos. E está decidido. Na televisão da minha casa não falam traidores nem aliados de especuladores. Para os escutar prefiro o National Geografic. Aos menos aqui, os animais são sinceros.