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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

PRENDER O ESPÍRITO SANTO? COMO?


 
Uma Breve Reflexão sobre Investigação Criminal
 
  Levantou-se um clamor exigindo a prisão da família Espírito Santo. Particularmente do líder Ricardo Salgado. Fico espantado com os argumentos utilizados sobretudo por comentadores e analistas económicos e políticos mais aguerridos que tratam estas questões com tanta leviandade, como se bens morais fossem passíveis de prisão quando são violados ou, eventualmente, violados. Percebo essa fome de vingança, uma espécie de luta de classes, onde um poderoso concentra em si próprio as dificuldades de todos aqueles que estão zangados com a crise. E revoltados. E com toda a razão, diga-se. Neste hábito muito português, emotivo, temperamental, e sempre ignorante, precisamos sempre de um culpado e serve sempre aquele que está mais à mão. Ou aquele que surge com mais frequência nas notícias. Há sempre um culpado que sintetiza as culpas e as responsabilidades de muitos e para aí se dirige, e se satisfaz, a fome de justicialismo primário. Só que notícias não passam disso mesmo: notícias. São insuficientes para num Estado de Direito enfiar na cadeia seja quem for.
   Por outro lado, não compreendo que sejam os mesmos comentadores e políticos que ainda não há três meses juravam e cantavam hossanas ao BES e ao seu lider que agora reclamem rápidamente uma prisão. Pelo menos um. Ou dois. A coisa é reinvidicada como se estivessemos na lota a regatear o preço de peixe. 
   Um tonto desvario! 
  A primeira questão que não se vê respondida por quem clama prisão é a seguinte: Qual é o crime? Não existe prisão para actos que estejam excluídos do Direito Penal. Sejam negócios, transacções mais ou menos transparentes, especulativas ou não, sejam acções que valiam vinte e agora valem zero.
  Volto à pergunta: Qual é o crime? Quais são os crimes que podem ser imputados a Ricardo Salgado, à família e administradores? E agora, outra pergunta mais complicada: Como é que se prova a prática desses crimes tendo em conta que qualquer ilícito para merecer uma Acusação e um Julgamento precisa de prova consistente, que não admita dúvidas, para daí sair uma condenação?
 
        A PROVA
 
    Tenho para mim, que nada conheço de operações bancárias - offshores, acções, obrigações, coisas de que ouvimos falar a toda a hora - para além das populares contas à ordem e a prazo, que vai ser uma investigação muito difícil demonstrar a existência de crimes, daqueles a sério, que podem levar um ou mais indivíduos à cadeia. 
Sabe-se que as investigações ditas forenses realizadas pelo Banco de Portugal só há bem pouco tempo começaram a chegar à PJ e ao Ministério Público. Da informação daí recolhida podem, então, as autoridades que tratam de crimes, desenhar uma estratégia de investigação que possam demonstrar a sua existência. E quando digo demonstrar, digo-o pensando no suporte material de prova judiciária que sustente os nexos de causalidade entre criminosos e actos criminosos sem sombra de dúvida.  
Deve dizer-se, desde já, que não são muitos os crimes tipificados para serem descobertos. Embora se tratem de eventuais crimes públicos, a instituição BES seja de utilidade pública, é uma instituição privada. Uma boa parte das infracções económico-financeiras não se aplicam a condutas dos seus responsáveis. Por outro lado, alguns dos possíveis crimes que existam só podem ser demonstrados desde que existam outros a montante que sejam provados. 
E o primeiro desses possíveis crimes é a falsificação de documentos. Balanços e balancetes forjados, intencionalmente sem correspondência real. E sublinho a palavra intencionalmente porque uma conduta criminosa tem que ser forçosamente um acto ou decisão que se desejou, realizada com intenção, para não cair nas derivas jurídico-penais menos gravosas.
Deve dizer-se que, se não me engano, a falsificação de documentos é punivel com pena até três anos. Só por si não admite  prisão preventiva. Porém, a ser provado não atingirá apenas Ricardo Salgado e os seus administradores. Atingirá também quem os sancionou, nomeadamente o Banco de Portugal e a CMVM. Estas instituições poderão ter aprovado (e será mais grave se sabiam e mesmo assim aprovaram) documentos falsos, nomeadamente para o lançamento da última operação de venda de acções. 
     Se se provar a falsificação de documentos, então existem fortes possibilidades de investigar alguns crimes que podem estar a jusante desta infracção penal. Burla Agravada (que pode ir até 8 anos de cadeia), Abuso de Confiança (que poder ter o mesmo limite de pena) Branqueamento de Capitais (até 12 anos) Burla Fiscal agravada (até 5 anos) , Associação Criminosa (até 8 anos embora obrigue a mais de três actores a trabalhar para o mesmo fim) , Gestão Financeira Temerária ( até 8 anos). 
    Provar a falsificação de documentos não significa que se possam provar todos estes crimes. Apenas abre a porta para que a investigação prossiga. É o mais insignificante dos crimes em apreço, porém o mais decisivo para chegar a outros 'voos'.
 
             TERRITORIALIDADE
 
Há uma grande confusão, não sei se deliberada ou não, sobre vários negócios relacionados com esta instituição. Sei, por exemplo, a crer nas notícias, que a célebre empresa Rio Forte é luxemburguesa e o tal Banque Privé é suiço. Havendo crimes nestas empresas, não são da competência das autoridades portuguesas, mas das autoridades judiciais desses países. Para além de troca de informação judicial, não há forma do nosso Ministério Público e a nossa Polícia Judiciária se ocuparem destas investigações sem violar a soberania daqueles países. Perdoem a ironia mas era interessante que os comentadores e políticos de ocasião exigissem a esses países aquilo que exigem ao nosso: Prisão, já! 

             PRISÃO, JÁ!?

    Caso estes crimes se provem, coisa que ainda está muito longe de ser demonstrada, como poderão as autoridades judiciárias prender preventivamente os presumíveis autores? Existem pressupostos obrigatórios para que isso aconteça. São três básicamente.
     O perigo de fuga. Já se percebeu que ninguém fugiu, e se o quisessem fazer a altura melhor seria no mês passado, antes de haver investigações criminais em curso.
     A perturbação da investigação criminal. Não se percebe como pode acontecer, agora que toda a administração está na posse do Banco de Portugal e todos os possíveis suspeitos foram afastados dos cargos onde poderiam criar problemas à actividade judiciária.
     Perigo de perturbação pública. Talvez seja o único pressuposto que pode conduzir a prisões preventivas dado o alarido em torno do caso e turbulência mediática que tem gerado.

CONCLUSÃO: Desconheço por onde irá a investigação. Ignoro o patamar de conhecimento que as autoridades judiciárias têm sobre o caso. Não sei que prova judiciária, repito judiciária, já foi encontrada e sustentada. Que objectivos foram desenhados pela equipa que investiga o caso.  Deixo aqui um modelo de investigação e a certeza que não vale a pena clamar indignações, suplicar prisões, gritar éticas e moralismos de alcova, se, materialmente e juidicialmente, estas demonstrações não forem realizadas. O resto fica bem, até um populismo com verniz erudito, mas não faz história nem produz investigação criminal a sério.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Cansado dos Velhos do Restelo




Leio, com alguma amargura, gente que ao longo de décadas escutei com respeito e com atenção, que parece de um momento para o outro ter ensandecido. Gente que como eu, da minha geração,que foram testemunhas intensas do 25 de Abril, que trazemos memória vincadas do anterior regime e que tivémos a  ventura de criar e educar os nossos filhos num regime democrático.
Fico espantado com os lugares comuns do medo. Do ressabiamento. Na aparência da escrita defendendo o 'espirito do 25 de Abril'. Na substância, insultando esse tempo, ao compará-lo com os tempos que vivemos hoje. É, na minha opinião, um absurdo, a negação da História, a intrujice palavrosa em nome da guerrilha política, nos termos medíocres que a guerrilha política implica.
Lembrando Fernando Pessoa(Álvaro de Campos), em 1974, era ainda o tempo em que eu fazia anos. Hoje, apenas duro. Passaram quarenta anos. Feitos de tão grandes feitos e de tão grandes disparates, de tanta alegria e de tantas mágoas que nos tornámos velhos. Muitos são velhos, com o mesmo coração feito de madrugadas inteiras e limpas que cantava Sophia. Outros, magoados, porque mais do que a derrota do 25 de Abril, vivem da saudade do tempo em que faziam anos. São os velhos do Restelo. A maior parte deles enroupando a boina do Che e a exibição de uma erudição feita de fantasmas. Deixaram de ser revolucionários. Passaram ao estatuto de revoltados.
Não esquecer, obrigar-nos ao exercício sério da memória, obriga a repudiar com alguma repugnância essas (impossíveis) comparações entre o tempo em que duramos e o tempo em que fazíamos anos.
Deixo aqui, de forma breve, o testemunho da (des)comparação como protesto contra os Velhos do Restelo, paradoxalmente encarnados em homens e mulheres que procuram desencantar esse dia de todas as esperanças.
No tempo em que eu fazia anos, o meu país morria jovem. Numa guerra brutal, em África, com o Vera Cruz e o Santa Maria carregando para o Ultramar milhares de jovens que não sabiam se voltavam ou não. Quem esteve nos cais do Tejo nas partidas desses navios de tropas tem marcada essa dor para sempre. As lágrimas, os prantos, os lenços brancos, as mães e a mulheres que ficavam chocadas de medo por ser aquele, talvez, o último dia do último abraço. E foi assim durante quase catorze anos e o Zeca cantava 'menina dos olhos tristes/ o que tanto a faz chorar?/ o soldadinho não volta/ do outro lado do mar.
No tempo em que eu fazia anos cantar esta cantiga era proibido. Era proibido cantar qualquer cantiga. Cantava-se aquilo que o Regime impunha. Cantava-se às escondidas a Liberdade.
No tempo em que eu fazia anos havia livros proibidos. Milhares de autores interditos. Entre eles, nomes maiores da Literatura portuguesa.
No tempo em que eu fazia anos, havia prisões repletas de presos políticos. Caxias, Peniche, antes destas o Limoeiro, o Aljube, o Tarrafal, entre outras.
No tempo em que eu fazia anos, a emigração era a salto, para a beterraba em França, ilegal, a pé com a Guarda Fiscal de arma em punho a perseguir quem fugia à fome. Nesse tempo, as mesmas redes passavam milhares de exilados, gente que sonhava a Liberdade num país onde era proibido cantar, pensar, ler, estudar.
No tempo em que eu fazia anos, as poucas livrarias eram uma em duas. A legal e pública cheia de livrinhos cor de rosa e a das traseiras, onde se escondiam Aquilino, Soeiro Pereira Gomes, Pablo Neruda, Alves Redol e uma legião de escritores amaldiçoados pelo regime.
No tempo em que fazia anos, a pobreza não tinha contrato e abrasava os campos. E as greves e manifestações eram proibidas. Apenas aquelas que saudavam o regime tinham direito a expressar-se.
No tempo em que eu fazia anos, ir de Lisboa ao Porto era a Odisseia de Homero. Atravessar o país por estradas herdadas do fontismo, coisa de heróis.
No tempo em que eu fazia anos, a corrupção era institucionalizada pela política de monopólios. Os donos e apoiantes do regime tinham essa regalia. E aceite como importante.E os sindicatos eram corporativos. Aceites como voz submissa.
No tempo em que fazia anos, havia meio milhão de alcoólicos e sessenta por cento de analfabetos. Nesse tempo as quatro ou cinco universidade que existiam, estava ali para servir os abastados e não para servir que desejasse sonhar o futuro.
No tempo em que fazia anos, falava-se a uma só voz. Era proibido contraditar a política. Quem o fizesse via os seus artigos censurados, via a sua voz calada pelos esbirros da polícia política. E se não eram presos, eram assassinados.
 
Não quero e não preciso mais de lembrar esse tempo de medo. Embora tenha saudades. Saudades do tempo em que a idade me permitia fazer anos.
Hoje vivemos a anos-luz desse tempo da paz podre dos cemitérios. Vivemos uma crise profunda onde os valores da cidadania têm dificuldade em se realizar. Vivemos tempos medonhos de fome e desemprego. Vivemos com a dependência da ajuda externa. Vivemos com gente de pouca ou nenhuma qualidade na política, na economia, na construção do futuro. De profusão de pulhas. Que agora conhecemos porque a liberdade de imprensa nos dá deles notícias. Antigamente não os conhecíamos porque os jornais estavam proibidos deles darem notícias. Vivemos um tempo ruim, é certo. Um tempo marcado pela mediocridade, é verdade. Desgraçadamente uma mediocridade que é transversal e não deixa rasto de génio. Mas nada disto é comparável com o tempo que eu fazia anos.
Não só é absurdo quando se evoca o 25 de Abril como é um insulto a esse tempo em que o país recusou o tempo em que eu fazia anos.
Vou celebrar o 25 de Abril com a mesma alegria desse dia fundador. Com o mesmo cravo feito de sonhos dentro do peito. Vou celebrá-lo, não desistindo. Convencido que este tempo em que duramos vai terminar em dia e hora que desconhecemos. Vou celebrá-lo sem lamento nem fatalismo. Porque celebro o tempo em que ainda fazia anos e a permissão que Abril nos entregou para sonhar com a Liberdade infinita, o futuro daqueles que amo e do meu País. Eu sei que é um sonho. A culpa é do António Gedeão. Convenceu-me que o sonho comanda a Vida.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Seguro versus Barroso


Lembro-me como se fosse hoje. Aliás basta ir aos jornais da época para se perceber como pouco mudou na discursata dos putativos grandes arautos do futuro. Foi há uma dúzia de anos. Durão Barroso liderava o PSD na oposição. A governação de Guterres já ia para sei anos e a impaciência reinava nas hostes social democratas. Na altura não havia barão do PSD (quem diz barão, diz visconde, conde, marquês) que não tivesse opinião formada, e segurissima, sobre a necessidade de mudar de liderança. 'O homem é fraco', 'o discurso não convence', 'o Guterres mete-o no saco', 'não apresenta uma ideia', 'ninguém sabe o que ele pensa'. Estes são alguns chavões que, com a ajuda do comentarismo de serviço, foram capazes de jurar a pés juntos que o PSD, com Durão Barroso, não ia lá. 
Todos conhecem a história e, portanto, é irrelevante os juizos de valor que sobre ela, que agora podemos fazer.
A verdade é que a 'nobreza' socialista está em maré alta, exactamente nos mesmos termos em que há doze anos atrás ouvíamos os comentários sobre Barroso. Percebo que agora é momento de nervos porque se fazem listas para o Parlamento Europeu e, portanto, o alarido é mais ruidoso. A verdade é que Barroso nunca esteve tão distante nas sondagens como agora está o PS à frente do PSD. E Seguro, tal como Barroso, está a fazer o seu papel não se demitindo das suas responsabilidades enquanto primeira figura do PS.
É irrelevante para esta reflexão se Seguro vai ser bom primeiro ministro, tal como é irrelevante saber se Barroso foi bom primeiro ministro.
O que não posso deixar de sublinhar, e isso é que me chamou a atenção, é o facto de uma dúzia de anos depois serem usados os mesmos estratagemas, as mesmas palavras, as mesmas críticas, como se o tempo não tivesse passado e a vida não tivesse sido vivida com alterações tão profundas como aquelas que aconteceram. De facto, quando a discussão é entre as 'nobrezas partidárias',assim como entre o seu clero mais fundamentalista que julga o País à escala das lutas partidárias internas, decadentes, voltadas para os seus umbigos, perde-se o sentido da realidade. Talvez por isso, estejamos no estado em que estamos. O Povo ainda não foi chamado a estas conversas de comadres. Aí se verá como esta democracia funciona, pese a esclerose que a atormenta.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

FERNANDO PESSOA: Encontrei-o. Lia o jornal no Martinho da Arcada e, em desespero disse-me isto:






Não venhas sentar-te à minha frente, nem a meu lado;
Não venhas falar, nem sorrir.
Estou cansado de tudo, estou cansado 
E quero só dormir
Dormir até acordado, sonhando
Ou até sem sonhar
Mas envolto num vago abandono brando
A não ter que pensar
Nunca soube querer, nunca soube sentir, até
Pensar não foi certo em mim.
Deitei fora entre ortigas o que era a minha fé, 
Escrevi numa página em branco, 'Fim'.
As princesas incógnitas ficaram desconhecidas, 
Os trono prometidos não tiveram carpinteiro
Acumulei em mim um milhão difuso de vidas,
Mas nunca encontrei parceiro.
Por isso, se vieres, não te sentes a meu lado, nem fales,
Só quero dormir, uma morte que seja
Uma coisa que me não rale nem com que tu te rales -
Que ninguém deseja nem não deseja.
Pus o meu Deus no prego. Embrulhei em papel pardo
As esperanças e ambições que tive, 
E hoje sou aoenas um suicio tardo,
Um desejo de dormir que ainda vive.
Mas dormir a valer, sem dignificação nenhuma, 
Como um barco abandonado, 
Que naufraga sozinho entre as trevas e a bruma
Sem se lhe saber o passado.
E o comandante do navio que segue deveras
Entrevê na distância do mar
O fim do último representante das galeras, 
Que não sabia nadar.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Revolução: O Dia do Computador pessoal!


As grandes revoluções da História da Humanidade com efeitos perpétuos nas nossas vidas começaram sempre por pequenas descobertas cujos efeitos, já ampliados, modificaram definitivamente comportamentos, maneiras de pensar, entendimentos do mundo. A roda que libertou o homem do trabalho braçal, o telescópio que revolucionou a cultura ancestral, revelando a natureza do universo, o microscópio que deu ao Homem o mundo dos bacilos, dos vírus, das bactérias, a máquina a vapor que alterou radicalmente o entendimentos dos instrumentos de produção e fez nascer as novas economias mundiais, são alguns desses momentos cujos efeitos vão para além dos pretendidos pelos seus criadores com consequências complexas e extraordinárias que mudaram o rumo das Civilizações.

Hoje faz vinte e nove anos que a Macintosh lançou o primeiro computador pessoal. Hoje, pese o curto espaço de tempo decorrido, estamos a falar de uma peça de arqueologia. Porém, os desenvolvimentos deste produto trouxeram um mundo novo ao Mundo. Milhões de pessoas estão ligadas em rede a partir das suas casas com instituições, com outros países, tornando-se numa necessidade que modificou radicalmente as nossas formas de agir e de conhecer. Desde o assassinato puro e simples das velhas máquinas de dactilografar até à condução de satélites para além do sistema solar, esta máquina está a produzir efeitos que nós, na pressa dos dias, nem damos conta de como vivemos uma revolução radical que só tem paralelo com a revolução industrial.

O grande anseio do Homem é vencer o tempo e a distância. Não admira, o tempo e o espaço são as duas coordenadas essenciais para a nossa memória. Não conseguimos viver sem um espaço e fora de um tempo. Construímo-nos dentro dessas baias. Morremos dentro delas. E porque sabemos que a Morte é o ponto final, num percurso que desejávamos imortal, desde sempre, a obsessão maior da existência foi construir a ilusão de que podemos vencer o tempo e anular o espaço, garantia ilusória de que, deste modo, superamos a História, vencendo essa certeza bíblica que nos garante que em dia e hora que desconhecemos todos iremos morrer.

O computador é a arma mais poderosa, assim como outros produtos da revolução cibernética, tais como o telemóvel e instrumentos aplicados no mundo bio-médico (no dominio da medicina nuclear) que alguma vez a Humanidade dispôs para chegar ao sonho profundo da Utopia (ausência de espaço)  e da Ucronia (ausência de tempo). 

O tempo deixou de ser comandada pelas horas e pelos minutos para a sua unidade primordial ser o instante do enter. O espaço unificou-se pois basta abrir o site de melhor conveniência e assistimos e vivemos, a partir da nossa casa, à guerra na Síria, ao lançamento de uma nave espacial nos Estados Unidos, a um jogo de futebol em Tóquio. Em directo, testemunhas directas daquilo que se passa em todos os cantos do mundo.

As profundas alterações que introduziu nos nossos quotidianos é de tal forma radical que construiu novas formas de comunicação, novas linguagens, novas formas de trabalho. Até a nossa Lingua está aqui em permanente modificação pese a preguiça intelectual daqueles que discutem o novo Acordo Ortográfico sem considerar o número infinito de expressões, de códigos, de novas palavras que surgiram nas redes sociais e, também, nos sms's.

Celebramos, pois, o início de uma Nova Idade cujas consequências ainda estão muito longe de percebermos e somos testemunhas e actores de uma revolução formidável que transforma rápidamente o Mundo, a política, a economia, os homens e as nossas relações. 

É, pois, tempo de celebrar o nascimento do computador pessoal (agora já é pessoal e portátil) e de o pensarmos dentro do quadro de reflexões que sobredeterminam as nossas visões do Mundo.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ao Zé Correia: Com Lágrimas!



Os grandes homens, na maioria dos casos, habitam na invisibilidade dos dias. Conhecessem-se, amam-se, sabemos que a sua presença e vida enriquece cada comunidade, seja escola, seja aldeia, seja vila ou cidade e a sua presença, discreta mas que sabemos estar lá, reforçam o nosso sentimento de segurança e de adoração pela Vida que nos permitiu conhecê-los, com eles conviver e a admirá-los. É o caso de Zé Correia. Fora de Moura e dos seus arredores, talvez haja uma mão cheia de gente que saiba que ele é. Mas lá na nossa terra, ele foi ídolo, foi exemplo, foi pedagogo à sua maneira e, sobretudo, foi um homem bom. Solidário. Ontem, ao confirmar a notícia da sua morte no jornal A Planície, o coração bateu mais devagar, em silêncio e em lágrimas. E sei que ele não gostaria que fizesse aquilo que vou fazer. Demasiado discreto para evocações públicas, demasiado delicado para incomodar alguém com a sua presença. Ou com a sua ausência. Mas é preciso que se saiba que houve um homem chamado José da Cruz Correia e que partiu deixando saudades no coração de muita gente e deixou alguns bem mais pobres porque perderam um velho amigo. Eu sinto-me hoje bem mais pobre, bem mais só, e com uma saudade intensa que só se resolverá quando a memória o recolher no nosso panteão de imortalidade pessoal.
Conheci-o vai para cinquenta anos. Eu era um puto que entrava no 1º ano do ciclo (agora 5º ano)e da vida pouco mais sabia que o nome do primeiro rei de Portugal, os cromos mais importantes da colecção de barcos, o calibre dos melhores berlindes para o jogo dos três covais e, tudo isto, com uma bola de futebol sempre presente. Nesse tempo a televisão dava os primeiros passos e, agora, sei que fiz parte do Cinema Paraíso. Corríamos de cadeira na mão à casa de um amigo para ver o filme da noite, ou acompanhava o meu avô ao café Ideal, em Moura, para ver o Sporting e ás vezes o Benfica. O meu avô António foi meu padrinho de baptismo de sportinguista, e o Ideal foi a minha pia baptismal, que fez de mim devoto dos Leões ao ver a magia do Seminário e do Geo, do Carvalho, do Hilário, do Alexandre Batista e do Zé Carlos. Também foi o Ideal que me apresentou o Eusébio. Ainda menino, vi a final do Benfica contra o Real Madrid. Toda a gente falava do Grosso, do Gento, do Di Stéfano os nomes maiores do futebol da altura e o Benfica era o Zé Águas, o Zé Augusto, o Cavém, o extraordinário Coluna, o Cruz, o Costa Pereira e no meio destes gigantes havia um puto que se chamava Eusébio. Compreendi logo naquela noite, especialista em jogo de carica, que aquele puto tinha um brilho de rei que apagou os brilho de todas as estrelas.
Foi nesse tempo que conheci o Prof. José Correia. Era o responsável pela Educação Física e causa-me estranheza porque jogara pelo Benfica, embora por pouco tempo, e tinha alma de Leão. As suas aulas eram simples e, simultâneamente, totais. Fazíamos exercícios para aquecer, outros tanto para conhecermos o nosso corpo, e mais outros para desenvolver músculos e facilitar o crescimento. Mas ensinava mais. Como se troca a bola ao primeiro toque, as regras do andebol e de outras disciplinas afins e, acima disto tudo, cultivava e educava no respeito pelo outro. A competição como forma de crescer, a delicadeza para os adversários, o prazer dos desprazer da derrota, a alegria simples das vitórias, sublinhando sempre o carácter transitório e efémero dos jogos, das vitórias e das derrotas, e glorificando o valor da amizade, do desportivismo, da são camaradagem. 
Escutava-o com fascínio e bebia as palavras serenas com que nos elogiava ou rectificava os nossos erros. Foi dois anos meu professor e tratava-me por Chico Flores.Depois perdi-o de vista. Ele abandonara o ensino e dedicava-se à actividade bancária. Eu seguira para o Liceu de Beja. Era raro encontrar-mo-nos mas cada encontro era uma festa. Com ele aprendia sempre mais alguma coisa e as suas observações serenas, bem humoradas. Nesse tempo ele era velho e eu era novo. Era velho para os meus olhos de jovem. Talvez tivesse mais vinte anos do que eu. Quando nasceram os meus filhos, percebi a sua verdadeira dimensão humana, o seu carinho pelos mais pequenos, o seu jeito de ensinar. Passavam eles a fase da descoberta dos palavrões e Zé Correia ensinou-lhes os piores. - Se te chamarem isso, respondes que são filhos de um trapézio. Se te chamarem aquilo, responde-lhes que são filhos de uma hipotenusa. E nunca mandem os vossos colegas para o lado que cheira mal. Se vos insultarem, respondem: vai para rectângulo, pá!
Compreendi, ainda melhor esta ternura, quando foi avô e os netos se multiplicaram. Da ternura sem nome, da delicadeza cuidada. E ficam nas memórias mais doces do meu tempo de juventude, os serões quentes na esplanada do Ideal ou, então, no mercado, no café do José do Carmo. Ele, o José das Estevas, o Joaquim Condeça, o Herbert era um grupo de histórias e de boa disposição que confortavam mais que qualquer concurso apresentado pelo meu querido e saudoso amigo Artur Agostinho.
Parti de Moura há perto de quarenta anos. Regressava nas férias, nalgum fim de semana prolongado, e sabia que entre as coisas que voltava a ver, muitas me confortavam no reencontro. O jardim, a igreja do Carmo, as ruas da Mouraria, a Muralha, onde viviam os meus avós, o Ideal e....O Zé Correia. Ele proibira-me de o tratar por professor e eu continuava Chico Maria pois que também o proibi de me tratar por doutor. Ficam como evocação apaixonada as discussões políticas a seguir ao 25 de Abril. O Herbert exaltado e apaixonado, grande resistente à Ditadura, o seu irmão Jaquelino mais empolgado e emotivo, o Zé das Estevas mais curioso, eu á espera da grande revolução popular, e todos à espera que o Atlético de Moura subisse de divisão e as discussões intermináveis aproximavam-nos ainda mais e eram com saudade que dizíamos adeus. 
Houve um tempo em que a Vida foi mais rija do que nós. Separou-nos. Primeiro na PJ, depois investigando por esse mundo fora,em Paris, em Lausanne, na China, na Malásia, na Índia, nas Filipinas, nos Estados Unidos, no Brasil mas eu sabia que eles estavam bem e eles sabiam das minhas saudades. O primeiro grande choque foi a morte da esposa do Zé Correia. Eu acabara de aterrar na Irlanda, para uma palestra, e o meu pai ligou-e a dizer que ela morrera de morte súbita. Nunca lhe disse como foram magoados esses quatro dias que passei em Dublin. A profunda mágoa pelo seu infortúnio que Zé Correia idolatrava a sua esposa. A seguir partiu a minha mãe e foi a última vez que o vi. No funeral onde veio consolar a minha mágoa. mas já estabelecera um ritual que era sempre cumprido. Todos os anos, se estávamos longe, pelo Natal tocava o telefone e era, primeiro a esposa e o Zé, depois só ele, a desejar as boas festas e um bom ano novo. Podíamos estar muito tempo sem nos vermos e o toque repetia-se e o Natal era mais doce porque tinha falado com ele. Em contrapartida, chegavam-lhe ás mãos exemplares das primeiras edições dos meus livros. Fazia questão de lhos entregar a ele e a outros amigos. Há dois anos saiu um livro meu para crianças. As Histórias da Maresia do Mar . Não lho enviei e recebi protesto. Respondi-lhe: Ó Zezinho, isso é livro para putos! Que não. Fazia questão de os ler todos e a honra de os coleccionar. Sei que os coleccionava porque na estante não ficava apenas mais um livro mas um pedaço da nossa amizade nunca desfeita.
Este ano tocaram sininhos a rebate. O telefonema do Zé Correia não chegou e achei tão estranho, eu que vivo longe desse culto infernal de desejar boas festas a quem conhecemos ou mal conhecemos, que não fiquei sossegado.
Chegaram os Reis e o telefonema não veio. E neste momento, como estou a finalizar o meu próximo romance que deve sair em Maio, prometi a mim mesmo que lho ia entregar em mão e dar-lhe um raspanete por não ter telefonado. E já agora, para fazermos as pazes, levar-lhe-ia As Histórias da Maresia do Mar, livro de putos que ele insistia em ler. Um alarme tocou e fiz um telefonema a um amigo que me disse: Eh, pá! Eu não tenho a certeza mas acho que o Zé Correia morreu há uns meses. Fiquei em pânico e contactei A Planície para confirmar ou não esta dura notícia. Confirmaram e senti-me vencido. Cansado. Tão magoado que as lágrimas e o silêncio fizeram acudir a minha filha. 
- O que tens, papá?
- Um dos meus maiores amigos faleceu, minha filha e eu só soube agora. 
Que raio de vida esta que nos afoga nos maiores devaneios e nos faz esquecer a substancia da própria existência? O conhecimento tardio daquele Amigo bom, bondoso, sereno, discreto, inteligente, afectuoso é um golpe que julgava não merecer. Não é vedeta, nenhuma televisão anunciou  a sua morte, nenhum obituário de peso a comunicou e hoje sinto a solidão das partidas que não regressam, esta saudade dura e amargurada, e sinto-me tão pobre, tão vazio, que decidi escrever para os milhares de amigos que me seguem, que perdi um grande amigo e o telefonema de Natal que dava mais luz á quadra que acabámos de viver. E escrevo em sua homenagem porque é preciso que saiba, que em Moura, durante oitenta anos, viveu um homem justo e bom, semeador da amizade e da inteligência e que faz parte da minha galeria de tesouros, pela honra que sempre senti por tê-lo como um Amigo que todos desejaríamos ter. 
Zezinho, no próximo Natal, telefona-me do Céu. Juro-te que antes disso entrego aos teus filhos os dois livros em falta, já que a falta que me fazes, ninguém pode reparar. Um abraço querido amigo. Até sempre. Até sempre!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eusébio no Panteão?


Perdoe-se-me a pergunta que assinala esta reflexão. Mas hoje ouvi, no desenrolar do funeral deste nosso ídolo, atleta genial, homem de grandeza superior na sua humildade, desta figura de Portugal e do Mundo uma espécie de movimento desorganizado, embora fervendo de compreensível emoção, que pedia a ida do corpo de Eusébio para o Panteão Nacional. 
Passei a vida a estudar mortos e cemitérios. Conheço perto de quinhentos em todos os continentes e os rituais de evocação e rememoração que a eles estão associados. Conheço vários panteões e memoriais, e com poucas excepções, como é o caso do Panteão de Paris, de Westminster em Londres, ou os memoriais a Lincoln,em Washington, ou a Lénine, em Moscovo, a que acorre muita gente, permitam-me uma sugestão que julgo sensata e históricamente legítima. Não quero com esta sugestão ferir os corações mais amargurados pela perda do nosso Eusébio, nem tão pouco dar uma sarrafada no oportunismo político que parece querer agarrar nesta ideia do Panteão como a última decisão redentora.
Já o escrevi, em vão é certo, quando foi de Amália Rodrigues, querida amiga de quem guardo mutas saudades e memórias doces. Faço-o outra vez, agora, em nome do reconhecimento destes verdadeiros heróis nacionais e que honraram, aqui e pelo mundo, a nossa Pátria.
A tradição portuguesa da estatuária evocativa dos grandes homens é produção da propaganda republicana e teve o seu início em 1880 com o centenário de Camões e, logo, em 1882, a propósito do centenário do Marquês de Pombal. A preocupação das élites republicanas era lembrar o povo através da representação escultural, os grandes homens e os grandes serviços prestados a Portugal. Assim como o seu carácter e exemplaridade cívica, cultural e política. Toda a estatuária que se lhe segue, mesmo durante o Estado Novo, que elegeu outro tipo de heróis como o Infante D. Henrique ou Nuno Álvares Pereira, constituem a mesma marca de imortalidade, de presença incontornável, de modelo a seguir, de exemplo para a comunidade. Não é por acaso, que nestes dias de tristeza, foi exactamente a estátua de Eusébio, junto ao Estádio da Luz, um dos locais mais concorridos para celebrar o genial jogador e convocar a sua memória como uma pertença e uma partilha que não se esfuma com os sinais desagregadores da morte. 
É exactamente nos finais do séc. XIX que aceleram os movimentos de estatuária nos grandes cemitérios românticos. Em Lisboa, já nos finais da primeira República, o vereador Alfredo Guisado levou a efeito uma verdadeira revolução, redimensionando e embelezando o cemitério do Alto de S. João. O mesmo aconteceu com o cemitério dos Prazeres, já em democracia, sob a batuta do vereador Rui Godinho, em edilidades presididas por Jorge Sampaio e João Soares. 
Quem entrar nestes cemitérios, e apenas me reporto a Lisboa porque aqui está sepultado Eusébio, vê-lo-á como espaços monumentais, cruzados por ruas e avenidas, grandes manchas floristicas ou florestais (Prazeres é o maior concentrado de ciprestes da Europa em espaço fechado) e ao longo das avenidas estão depositados os restos mortais de muitos dos grandes heróis da história liberal e republicana. Sebastião Magalhães Lima, José Fontana, Azedo Gneco, Eduardo Cortesão, Bento Jesus Caraça, Sousa Viterbo, o jazigo dos Escritores, Humberto Delgado (Prazeres) assim como Filinto Elísio, José Rodrigues Migueis, Borges Grainha, Ivone Silva, Elias Garcia, Miguel Bombarda, Cândido dos Reis, Machado de Castro, os Mortos do Tarrafal, (Alto de S.João) entre outros, ali se encontram para quem ali entre, e são milhares de portugueses que visitam estes cemitérios, nesta figuras reconheça a sua História, os seus heróis e, sobretudo se reencontre com a memória. Não é por acaso que, mesmo em Paris, onde Moliére foi panteonizado, o seu túmulo continua a existir no Pére Lachaise como muito mais visitas do que os seus restos mortais, enclausurados no Panteão Nacional.
Tivesse a actual câmara de Lisboa alguma sensibilidade humanista, e não apenas política, para o que representa a Morte dos grandes homens e teria seguramente pedido, de imediato, o controlo das exéquias fúnebres e preparado o sepultamento de Eusébio numa destas grandes avenidas cemiteriais, onde ficaria como testemunho do homem que foi e da grandeza que entregou a Portugal e a Lisboa, para que o povo, nos passeios pela sua memória, por ele passasse e homenageasse publicamente como o sempre fez nos grandes estádios cheios de multidões. O mesmo se passaria com Amália. 
É, no meu entender, um erro grosseiro esconder das pessoas que o aclamaram e admiram, os restos mortais de Eusébio. O panteão, particularmente o nosso, não tem os braços abertos á população. É um esconderijo de gente ilustre, é certo, mas que se apaga na memória por ausência de ritos de evocação e da mera constatação acidental, por um funeral, por uma romaria, de que ali está a memória viva de Eusébio.  
Vivemos um tempo em que o ritmo acelerou a tal ponto que diminui rápidamente o tempo do luto, da rememoração, da evocação. Fechar os grandes mortos num Panteão adormecido, tem algo de orgulho e vaidade de peralta, mas não cumpre a regra de presentificação da memória que os grandes espaços sepulturais permitem. Pior ainda, é deixá-lo no cemitério do Lumiar, que embora digno, está ausente desta monumentalidade evocativa que se desprende do Alto de S. João e dos Prazeres. Quem conhece os grandes cemitérios do mundo sabe bem que assim é. Os túmulos de Edith Piaf ou de Jimmy Hendrix são, ainda hoje, locais de romarias diárias no Pére Lachaise. Assim como de tantos outros intelectuais e desportistas que ali e em Montmartre ficaram como sinal de que são pedaços da memória colectiva. O mesmo se passa nas outras capitais do mundo.
Sei que não valerá de nada este meu contributo. Os políticos arreganham-se para se apropriar do palco que esta triste morte lhes deu e o destino vai ser o Panteão ou o esquecimento, se outros heróis o substituirem. Pior do que isso. Amália e Eusébio são símbolos de um povo inteiro, orgulho de uma Pátria que ultrapassam fronteiras cada vez com mais portugueses a trabalhar por esse mundo fora. Não são um produto das élites intelectuais. Eles são élites por qualidades e talentos naturais nos quais milhões de portugueses e cidadãos de todo o mundo reconhecem, admiram e amam e agradecem os legados que nos deixaram.
É a sugestão que vos deixo. Como estudioso deste fenómeno e, sobretudo, como cidadão magoado com a perda de tão extraordinário cidadão que foi Eusébio. Paz à sua Alma!